Previsão Orçamentária no Condomínio – Parte III

A previsão orçamentária deve ser feita com base nos gastos do maior período possível de amostragem. Isso permite que se avalie se há uma certa estabilidade ao menos com os tipos de despesas e, além disso, permite detectar despesas que ocorrem em períodos maiores do que uma gestão como, por exemplo, as vistorias de Corpo de Bombeiro, que podem ocorrer a cada três ou cinco anos, dependendo da localidade, e que dificilmente deixam de apontar alguma falha ou correção a ser feita, o que envolve despesas.

Deve-se ter em mãos a expectativa da inflação para o período projetado e deve-se levar em conta o histórico de inadimplência, reajuste na data base dos funcionários, férias e décimo terceiro, contratos a serem negociados, reajuste de tarifas públicas, etc. Além disso tudo, também deve-se permitir uma margem de manobra, para que o pagamento das contas não fique apertado.

Para tanto, vale fazer uma conta simples, levando em conta todos os meses do ano, o gasto com cada item do orçamento, como água, luz, manutenção dos aparelhos, gastos com funcionários, etc. Somam-se esses valores e divide-se por doze. Com isso, tem-se uma visão global das despesas e, caso isso se faça item a item obtém-se o cálculo do peso de cada um na soma geral do mês.

Não de deve esquecer a inclusão das melhorias que o empreendimento precisa. Seja uma limpeza da fachada, impermeabilização da laje ou uma troca de fiação, manutenção de equipamentos é muito importante que esse tipo de gasto já esteja acomodado na previsão orçamentária para o próximo ano. Portanto, vale saber o tamanho do investimento antes de fazer a previsão. Dessa forma, evita-se o desgaste de haver a necessidade de rateios extras, o que nunca é bem visto pelos moradores.

O nível de inadimplência também deve ser levado em conta, evitando assim que a previsão fique extremamente justa, e também leve a necessidade de rateios extras. Para reaver esse dinheiro atrasado, os especialistas são taxativos: primeiro um acordo e, então, ação judicial.     

Fatores como a sazonalidade dos gastos são importantes. O consumo de água, por exemplo, costuma ser mais alto nos meses de verão, o que pode ser previsto no cálculo do valor do condomínio para esse período.

O padrão do prédio também influi na contabilidade: em edifícios de alto padrão, as pessoas costumam viajar mais durante as férias, o que diminui despesas como luz e água, entre outras.

É importante analisar os gastos e consumo ao longo de todos os meses nos anos anteriores para fazer uma previsão do valor do condomínio.

No próximo post vou tratar de definir e clarear o conceito de despesas ordinárias e extraordinárias, antes de colocar a mão na massa e tratar da previsão orçamentária propriamente dita.

Como eu disse no primeiro post dessa série, não vou economizar em explicações teóricas e nem ao menos em fundamentação legal, pois acho que preciso fazer a minha parte: tentar esgotar o tema para que todos entendam como a coisa funciona.

Vivam a vida, e até a proxima.

Ivan Horcaio

Professor e palestrante com mais de 20 anos de atuação nas áreas do Direito Condominial e Direito Imobiliário, é autor de mais de 12 obras jurídicas, atuando junto a condomínios, administradoras de condomínios e imobiliárias